É a primeira vez que escrevo sobre Kendrick Lamar, esse artista/Rapper que já é intimo desde 2012, época na qual me converti ao trampo M.A.A.D City, já tinha ouvido falar dele por conta de alguns vídeos e mixtapes promovido anteriormente pelo selo de nome TED. Além dos fortes boatos que o cercavam, pois Kendrick estava sendo tratado a peso de ouro pelo mega produtor Dr.Dre (O Poderoso Chefão), é assim que eu o chamo
Educado musicalmente devido ao seu talento, no qual várias declarações de seu poderoso padrinho já O garantia, que uma nova jóia de ébano estava sendo lapidada por ele, afirmando que Compton conheceria um dos seus melhores Mc´s , King T, Dj Quik, Toddy T, Mc Ren, Mc Eith, The Game, King Lil G, etc.
Várias nuances podem ser ressaltadas sobre Kendrick, entre elas a levada (Flow), sua exposição intimista, seus conflitos, teses, ideias, contradições entre outros pontos. Vou de encontro com algo extremamente marcante, no que diz respeito a simbologia e os todos signos em volta de um jovem negro oriundo de Compton, no Estado da Califórnia, FAMOSA MUNDIALMENTE POR SER O BERÇO DO estilo Gangsta Rap, assim como a triste e fatídica marca, de ser considerado um dos lugares mais violentos do planeta no final de década de oitenta, coincidindo com o surgimento de grupos do quilate e verborragia do N.W.A e CMW (Compton Most Wanted), entre outros rappers já citados acima que fariam história na música mundial.
Suas tranças, seus parres de tênis "All Star e Cortez", sua indumentária e vestimenta com camisas de cores neutras, ora xadrez, ora coloridas, com calças jeans, caqui e pretas caídas, porém não largas, sintetizam pontualmente a estética, o estilo ruidoso, largado e maloqueiro, dos jovens de Compton nestes quase 20 anos decorrente do século XXI, sejam esses jovens Hispânicos ou brancos em uma proporcionalidade bem menor.
Relembrando os manos de 10, 15, 20, 30 anos atrás, honrando com modernidade, sutileza, jovialidade o discurso dos Mc´s de Compton, rejuvenescendo o que seria o N.W.A, o CMW de hoje. Talvez um exagero de nossa parte, porém á julgar por críticos e entendedores, todos reconhecem que estaria muito perto disso, alinhando também com a sonoridade do The Game, outro extraordinário rapper oriundo de CPT.
Fazendo brotar inclusive algumas músicas entre os dois, a exemplo do ocorrido com o veterano e respeitadíssimo Mc Eith na clássica M.A.A.D City ( https://www.youtube.com/watch?v=10yrPDf92hY ) e Dr. Dre no mesmo álbum com o sugestivo título de Compton (https://www.youtube.com/watch?v=Mu4BvFu4OME) e a escrachada e descolada The Recipe, uma alusão as maravilhas de Los Angeles, discorrendo sobres festas, bebidas, maconha e mulheres confira:https://www.youtube.com/watch?v=YpugK0RpEaU
Nas pesquisas sobre ele, todos críticos atribuem uma humildade fora do comum a seus versus, apesar de suas metáforas, sátiras, "jebs" (Confrontos de improvisações), tiradas no qual ele apenas revida quando é golpeado, rivalizado ou desafiado. Kendrick Lamar foge ao padrão dos artistas atuais, sejam eles ligados ao Hip Hop ou outro ritmo musical, sua página nos Instagram tem quase 5 milhões de seguidores e ele tem apenas duas fotos lá, não ostenta joias e dinheiro em seus vídeos clipes, salvo raras exceções como em "Humble".
Além de ter aguardado no mercado um CD, algo improvável para os dias atuais, devido ao novo formato da industria musical e seu serviços de "streaming" como ocorria em décadas anteriores com artistas que tinham seus discos aguardados por meses afins. Por conta da cena fonográfica estar paupérrima e infestada de singles de baixa qualidade com "flows" repetidos e enjoativos, isso por si só é um fato histórico.
Nisso ele rompeu todas as fronteiras, mais a um certo exagero em dizer e replicar o que muitos aficionados dizem sobre ele ser o melhor rimador da História, menos por favor, o menino é monstro, mais não influenciou inclusive no quesito vestimenta como fez Two Pac, Biggie e Chuck D. Depois de inúmeras participações em diversos discos e "mixtapes", o artista em questão se deu ao luxo de fazer dois discos experimentais, rimando sobre notas de Jazz e batidas distorcidas, excêntricas e marcantes a exemplo do disco "To Pimp a Buterflay". Ele volta a mostrar seu lado mais raíz, indo de encontro com um disco de Rap, em seu formato mais autêntico e sóbrio, resgatando aos áureos tempos do épico M.A.A.D City.
Iremos então as análises das músicas deste disco mais recente intitulado "DAMN". O disco soa Trap (Batida de Rap em voga atualmente), com uma abordagem temática super diferente, principalmente nos singles. Na poderosa D.N.A, a um refrão exaltando os clichês positivos e negativos dos negros (as) na história em geral, falando de coisas do tipo sofrimento, ginga, ambição, malandragem, etc. Questões intrínsicamente encrustados no DNA do povo preto, segundo Kendrick....
Já na melódica "Yah" com produção do pesado time incluindo Anthony “Top Dawg” Tiffith, DJ Dahi, Bekon&Sounwave. Retrata especialmente como ele acreditou em si, mesmo, da forma que ele conquistou o mundo, onde ironicamente, faz o seguinte comentário “Os brancos me reconhecem como pessoa ao invés de um ser humano de segunda categoria, após o sucesso”. Exaltando principalmente a positividade e o lado bom da vida.
Em "Element" com sample de - Started From The Bottom do Drake, Kendrick desnuda a busca por bens materiais em sua vida, e as maneiras do qual foi proporcionada, relatando o cotidiano violento das ruas, mas também exaltando o quinto elemento do Hip Hop, no caso o conhecimento.
Na música"Fell", foi utilizado discretamente o sample de Smooth Operator da belíssima cantora Nigeriana, radicada na Inglaterra, a excelente Sade. Ele retrata os sentimentos que o inspiraram e ainda o inspiram a compor, fazendo também uma analogia com pressentimentos que se tornam sentimentos e vice e versa, dando ênfase aos recentes e brutais casos de racismo policial e institucional, resultando em vítimas fatais em solo estadunidense.
Para muitos a melhor faixa do CD é a "Loyalty", contando com a ilustríssima participação da estonteante cantora nascida em Belize, a talentosa Rhianna, já consagrada mundialmente no cenário musical, chamando atenção pelo fato desta faixa ela não ficar em segundo plano, fato ocorrido em outras participações, rimando no mesmo nível de Kendrick, contando com um timaço de produtores: Terrace Martin, Sounwave, Anthony “Top Dawg” Tiffith & DJ Dahi, este som retrata a fidelidade entre casais, amigos, drogas, rolês, vícios, questionando sentimentos de maldade que cada um leva em lugar obscuro dentro de nós.
A faixa" Humble" que inclusive foi a primeira a ser lançada, demonstra a força de Kendrick em lhe dar com questões atuais, como por exemplo o exagero de maquiagem, as mentiras em torno de da foto montagem, e a naturalização das pessoas no sentido de se evitar aparentar quem você é de fato. Confira o vídeo no Link a seguir: https://www.youtube.com/watch?v=tvTRZJ-4EyI
Por fim, a faixa magistral intitulada "Fear" com produção do talentosíssimo, MC, Dj e produtorCALIFORNIANO Alchemist responsável por inúmeros sucessos e produções de altíssima qualidade com grupos como: G Unit, Mobb Depp, Cypress Hill, Evidence do Dilated People, etc.
Portanto aproveite este disco na íntegra, pois estamos diante de um álbum clássico.
Então é isso! Até e Axé! Persistam no bem......